domingo, 12 de dezembro de 2010

A ditadura que rege a sociedade


As pessoas constantemente falam em revolução, mudança de princípios e

comportamentos; mas ainda se deixam levar pelo coletivo que direciona sua maneira

de ser, pensar e agir. É o que Augusto Cury nomeia em seu livro “Ditadura da Beleza e

Revolução das mulheres” como um câncer social.

Ontem (08), andando pelos corredores de um hospital em Imperatriz percebia-se

nitidamente histórias de vida onde o culto à beleza interfere na vida das pessoas, que ao

não se aceitarem como são, recorreram a diversos procedimentos cirúrgicos.

Você deve estar se questionando se é correto ser contra os procedimentos

estéticos como a cirurgia plástica. A questão não é ser contra ou a favor, afinal de

contas as pessoas são livres para decidirem sobre suas vidas, o que preocupa é o intenso

crescimento das cirurgias plásticas e os motivos de sua realização.

Corrigir imperfeições, cuidar da saúde é algo necessário, mas o imprescindível

é saber ponderar decisões e perceber quando a estética está sendo colocada à cima da

saúde e do bem estar.

Sâmara Jorge, Psicóloga e Psicoterapeuta de Orientação Junguiana, afirma

que “Não é de hoje que somos sistematicamente submetidas a um forte apelo pela

valorização da estética. Abrimos as revistas, ligamos a TV, olhamos outdoors pelas ruas

e lá estão expostos corpos esquálidos como ideal de perfeição feminina, sem falar do

culto à malhação - imagens que pouco refletem os padrões reais da grande maioria da

população”.

Com a supervalorização do que a sociedade considera ser o “belo” as pessoas

se privam da realidade, de aceitar-se da maneira que são, não conseguem enfrentar e

superar sentimentos como frustração, medo, angústias e insegurança.

Casos famosos:

Considerada campeã de temporadas nos centros cirúrgicos, a cantora Gretchen

fez ao longo de 23 anos de mudanças corporais mais de dez cirurgias. Dentre as

mudanças, ela já fez interferências cirúrgicas no bumbum, nos seios, na barriga, nos

braços, rosto, pernas e por aí vai.

Sheyla de Almeida, vulgo Sheyla Hershey, ostenta 3,5 litros de silicone em cada

mama e possui o título de maior seio da América Latina. Sheyla ainda pretende bater o

recorde mundial, com oito litros de silicone em cada seio. Ela pretende fazer a cirurgia

no início do próximo ano.

Ângela Bismarchi, rainha de bateria da Escola de Samba Porto da Pedra, possui

uma lista de cirurgias estéticas no corpo que gera dúvidas. Segundo o site oficial de

Ângela foram 13. Segundo a Istoé, Ox Bismarchi ( seu ex- marido falecido que era seu

cirurgião plástico) executou cerca de 10 e as demais foi resultado de cirurgias do seu

atual marido Wagner de Moraes.

Opiniões diversas:

A estudante universitária Luana Carmem Santana da Silva, 22 anos, diz que: “Eu

faria sim uma cirurgia plástica, mas apenas a lipoaspiração, por estética, é superficial

fazer inúmeras cirurgias e também tem o risco que corremos”.

“Eu faria uma cirurgia plástica por estética e também por saúde, as duas são

válidas. Acredito que as pessoas fazem para se sentir bem, é uma realização pessoal e

não uma forma de aceitação para os outros”, afirmou a funcionária pública Francisca

Raymara Vale Almeida, 21 anos.

Já a professora Dalvaci Roberto de Medeiros Silva, 43 anos, relata uma

experiência que presenciou. “Tenho uma amiga que teve que fazer cirurgia plástica para

redução dos seios, porque estava prejudicando sua coluna. Ela realizou a intervenção

para melhorar sua saúde”.

No Brasil, em 2004, o levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Cirurgia

Plástica (SBCP), registrou 616,2 mil operações estéticas feitas em um ano. De acordo

com uma estimativa da organização, o Brasil é o segundo no ranking dos países que

mais realizam plásticas no mundo, só perde para os Estados Unidos.


* Luana Barros (Estudante de Comunicação Social/Jornalismo na UFMA)

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