O embaixador do Brasil em Paramaribo (capital do Suriname), José Luiz Machado e Costa, disse, em entrevista à Agência Brasil nesta terça-feira, que o ataque aos brasileiros na véspera do Natal foram "atos de selvageria e de violência extrema". O governo do Brasil cobrou do Suriname alerta máximo para evitar que as novas ameaças a brasileiros, que estão em áreas de garimpo no país vizinho, se concretizem.
Costa afirmou ainda que mulheres brasileiras sofreram estupros e outras violências na noite do ataque. "Jamais minimizamos a gravidade de tudo o que ocorreu. Agora trabalhamos para administrar a crise e dar assistência às vítimas e suas famílias", disse ele, que negou haver xenofobia contra os brasileiros no país vizinho.
Veja os principais trechos da entrevista do embaixador do Brasil no Suriname.
A situação na região de Albina, a 150 quilômetros de Paramaribo, onde ocorreu a ataque a brasileiros, ainda é tensa?
A situação está se normalizando e, aos poucos, vai se estabilizar. Os brasileiros nunca tiveram problemas no Suriname. Sempre houve uma tolerância muito grande com os brasileiros. Quando a embaixada perguntava quem queria voltar, não havia demonstrações de interesse.
O que houve, então, em Albina? Por que ocorreu o ataque no último dia 24, quando um grupo de estrangeiros, incluindo brasileiros, foi atacado por quilombolas surinameses, deixando feridos e desaparecidos)?
Aquela é uma área delicada, onde vivem os "marrons", os quilombolas locais, que têm regras próprias e não admitem a presença de estranhos. Brasileiros, chineses e javaneses se instalaram no local. Portanto, não é nada contra os brasileiros especificamente. De qualquer maneira, estamos concluindo as negociações para fechar um acordo de regulação migratória para facilitar uma série de ações.
Como a embaixada está reagindo a essas novas denúncias de ameaças em outras áreas de garimpo?
Comunicamos imediatamente o governo do Suriname, que logo tomou providências: foi reforçado o policiamento em todas as regiões de garimpo no país e a cobrança interna e externa é imensa. A dificuldade é que a atividade do garimpo de ouro é ilegal e, aliado a isso, os que atuam nela não têm documentos nem são identificados.
Há denúncias de que pelo menos 20 mulheres foram estupradas na véspera do Natal. Oficialmente não se comenta sobre isso. Houve estupros?
Jamais minimizamos a gravidade de tudo o que ocorreu. Agora trabalhamos para administrar a crise e dar assistência às vítimas e suas famílias. O que houve no dia 24 foram atos de selvageria e violência extrema.
Também há informações de que sete pessoas estão desaparecidas, inclusive brasileiros. Por que a negativa oficial?
Enquanto não surgirem evidências concretas não se pode confirmar que há brasileiros entre os supostos desaparecidos. Essa hipótese foi levantada pelo padre José Virgílio da Silva (ele dirige a rádio Katolica e foi um dos primeiros a dar assistência às vítimas), que tem boas intenções e cobra respostas ao ataque. Confiamos nas investigações em curso e também aguardamos as conclusões das apurações. A polícia do Suriname está sendo cobrada interna e externamente.
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