segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Brasileiros deixam o Suriname com medo e decepção

Os brasileiros que estão deixando o Suriname não têm muita coisa para levar de volta para casa. O que tinham de valor se perdeu em Albina e muitas das roupas que estão usando foram doações.

Um avião da FAB está no Suriname para trazer de volta brasileiros feridos no ataque da noite de Natal. Os enviados especiais Júlio Mosquéra e Marcione Santana conversaram nesta quarta-feira com os sobreviventes do ataque. O Hércules C-130 deixou a base aérea de Brasília no começo da tarde com dois médicos, dois enfermeiros, medicamentos e macas para transportar os feridos. O avião foi preparado para trazer até 75 pessoas. Os brasileiros que estão deixando o Suriname não têm muita coisa para levar de volta para casa. O que tinham de valor se perdeu em Albina e muitas das roupas que estão usando foram doações. Revoltados, tristes e desiludidos. É assim que os brasileiros se despedem do Suriname. “O susto foi muito grande. Para mim, foi pior do que estar no Iraque”, disse um homem. O vendedor Mauricy Alves decidiu recomeçar a vida no Brasil, mas sai do Suriname com a certeza de que brasileiros foram mortos em Albina, ao contrário do que dizem autoridades do país e a embaixada do Brasil. “Eles furavam a pessoa e jogavam na água. A gente quer saber aonde estão esses corpos”, disse. A maioria dos brasileiros agredidos não vai voltar. Alguns porque não têm do que sobreviver no Brasil. “Eu não tenho nem como chegar lá no meu país, eu não tenho nem como comer”, disse um homem. Outros porque sonham ganhar muito dinheiro na extração do ouro. “Eu não tenho como voltar para o garimpo e ir para o Brasil, porque eu não tenho nada e a minha mulher está lá dentro do garimpo e eu não posso deixar ela para trás. Eu tenho que voltar, para ir atrás dela, que está do outro lado da Guiana Francesa”, disse o garimpeiro Carlos Alberto Brito.

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