Bolívia militariza garimpos clandestinos perto do Brasil
LA PAZ (Reuters) - O governo boliviano anunciou na quinta-feira que, na véspera, enviou tropas para garimpos de ouro ilegais na região da fronteira com o Brasil, para promover o "restabelecimento da soberania".
Cerca de 2.000 militares participam da ocupação de 24 garimpos clandestinos nos departamentos (Estados) de Santa Cruz e Beni. A única mina legal nessa região é a de Don Mario, onde o grupo canadense Orvana extrai ouro, prata e cobre.
"Este não é um fato isolado, porque, desde o começo do ano, andaram fazendo algumas operações contra a exportação ilegal de ouro, para canalizar a exploração para o bem do país", disse em entrevista à imprensa o ministro de Minas e Metalurgia, José Pimentel.
Ele não explicou se as atividades da Orvana serão afetadas, e a empresa não se manifestou.
O governo esquerdista de Evo Morales, no poder desde 2006, tem reforçado o controle estatal sobre a mineração, especialmente na parte andina (oeste), onde estão as principais operações com participação de multinacionais.
Há pelo menos cinco anos existem denúncias de exportação clandestina de ouro para o Brasil, e não se sabe quanto a Bolívia já perdeu com isso.
Funcionários do governo regional de Santa Cruz estimaram recentemente à imprensa local que o valor alcança dezenas de milhões de dólares por mês. Legalmente, a Bolívia deve exportar este ano cerca de 2 bilhões de dólares, segundo estimativas oficiais.
O governo disse que 23 pessoas, entre bolivianos e estrangeiros, já foram presas na operação, que não tem data para acabar.
"Cometeram um crime e, portanto, devem ter sanções penais, porque, nessas minas, não foram obtidas as autorizações pertinentes, como autorizações ambientais, e não pagaram impostos", acrescentou o ministro.
Os militares continuam patrulhando a região tropical oriental, que é mais conhecida por sua exploração florestal do que pela mineração, com o objetivo de detectar eventuais danos causados pelos garimpos à flora e à fauna, disse ao jornal La Razón o diretor da entidade estatal Agência para o Desenvolvimento das Macrorregiões e Zonas Fronteiriças, Juan Ramón Quintana.
(Reportagem de Claudia Soruco)